O professor Vinicius Nobre, mestre em Desenvolvimento Profissional para Ensino de Idiomas pela Universidade de Chichester (Inglaterra), atua há mais de 25 anos no mercado de ensino de inglês. Já trabalhou como professor de inglês para alunos de várias idades e perfis, foi coordenador de escola, formador de professores, criador de material didático, examinador e atualmente trabalha com gestão de projetos educacionais. Seu livro mais recente é Getting into ELT Assessment, escrito a quatro mãos com Isabela Villas Boas. A Avaliação foi precisamente o assunto que norteou o bate-papo que a CULT teve com o professor, que dá aula nessa disciplina na pós-graduação em Ensino de Língua Inglesa. Veja abaixo alguns trechos da entrevista:

Por que há ainda muita resistência dos sistemas pedagógicos e das próprias instituições de ensino em investir mais em novos modelos para mensurar melhor a aprendizagem?

Na minha experiência, um dos motivos pelos quais é tão difícil mudar a avaliação é a questão da expectativa das partes envolvidas. A gente tem uma ideia bastante consolidada sobre o que é avaliar e ainda segue modelos extremamente tradicionais, punitivos, de categorização dos alunos, voltados para a memorização. [...] Famílias, alunos, professores ainda esperam o dia da prova e se você propõe um curso com um paradigma de avaliação diferente, muitas vezes as pessoas envolvidas falam “Tá, muito legal isso, mas cadê a prova? Como vou saber se aprendi? Qual é a minha nota? Qual é o número que me qualifica?”. Fazer uma mudança drástica é muito difícil porque as pessoas precisam acreditar naquele modelo de avaliação. [...] A gente precisa trabalhar na construção da compreensão do que é um modelo novo de avaliação para que as pessoas aceitem esse modelo e a gente consiga implementá-lo. [...]

O que caracteriza uma avaliação alternativa à tradicional?

Na avaliação tradicional, você sempre tem uma resposta certa, ela normalmente te dá o gabarito. Num modelo de avaliação mais alternativo, você não tem uma resposta certa, tem respostas certas. Até porque a vida normalmente permite que a gente acerte de diferentes maneiras. A avaliação mais tradicional olha para trás, tem um caráter somativo, ela pega tudo o que você aprendeu e dá uma nota de acordo com o seu “desempenho” naquele momento específico. Um modelo mais alternativo costuma olhar para a frente, você avalia para determinar o que você vai ensinar, quais são os próximos passos: como o currículo, ou a abordagem, ou os recursos, o que você faz como professor e o que o aluno faz como aluno pode ser alterado para que o sucesso seja maior. Num modelo mais tradicional, a gente foca no produto, no passar ou reprovar. No modelo mais alternativo, a gente foca mais no processo, a gente costuma ter várias oportunidades de avaliação e não apenas datas específicas demarcadas para que aquilo aconteça. O aluno teria uma série de oportunidades para mostrar o que ele aprendeu, o que ele é capaz de fazer e sempre com o foco de olhar para a frente.

Tudo isso e muito mais na entrevista completa a seguir. Confira!

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